DESAFIO PARA VOCÊ!!!
SE VOCÊ É...
- dotado de uma MENTE BUROCRATA e dela não desiste
- PESSIMISTA por opção...
- uma pessoa INFLEXÍVEL por não saber (ou não querer) ser de
outra forma...
- adulador do SISTEMA ("status quo") em que
vivemos
- um ativista compulsivo de SOFÁ...
- defensor de NÃO MEXER NO QUE ESTÁ (OU PARECE) BEM
- um crente de que vivemos no MELHOR DOS MUNDOS...
- um REPETIDOR e ROTINEIRO ser vivo sem interesse pelo que
ainda não sabe...
- ou se pensa que JÁ SABE TUDO (e não precisa de saber mais
nada)...
- um crente em que a FELICIDADE também se compra (ou se
ganha na lotaria)...
- um ser vivo SATISFEITO COM A VIDA e que nada mais lhe
ocorre conquistar...
- dos que acredita que o DESTINO ESTÁ ESCRITO nas estrelas,
nos horóscopos ou em qualquer outro lugar...
- um crente de que já ESTÁ TUDO INVENTADO....
- dos que acredita que a ARTE é só para os artistas e
"outros marginais".....
MAS - e há sempre um "mas" nestas coisas - poderá
dar-se o caso de você querer VIVER A VIDA MAIS PLENAMENTE e ajudar a MUDAR O
MUNDO para melhor! Pois então, seja bem-vindo!
TOME NOTA
Aqui têm lugar os inconformistas, os livres-pensadores, os
que ousam viver criativamente e aqueles que não desistem da vida por se
sentirem diferentes ou serem rejeitados pelos outros.
MANIFESTO INCONFORMISTA
Embora o meu comportamento se assemelhe, por vezes, àquilo que se entende por "convencional" eu confesso que estou cada vez mais a sentir-me profundamente inconformista, intelectualmente irreverente, gostando de desafiar o "status quo" e recusando-me totalmente a acomodar-me à mediocridade (de todos os quadrantes) que tem vindo a alastrar como uma peste por muitos setores da sociedade dita moderna (que se julga moderna mas que eu vejo ser, afinal, doentiamente conformista, tradicionalista, avessa à criatividade e assustadoramente passiva).
O inconformismo impede o sonambulismo que anda a
afetar muitas mentes....até entre os jovens, vítimas de uma educação fechada,
rotineira, desatualizada e centrada em preocupações de ensino que já não fazem
muito sentido neste mundo globalizado e vertiginoso.
RISCO DE SER LIXADO OU TER SUCESSO? AVANCE!
O inconformista cria as suas regras e vive tentando evitar
ser contaminado por aquela "visão de túnel" que leva as pessoas
comuns a terem uma vida de pleno acordo com os imperativos sociais.
Ser inconformista pode ser um risco. Ele pode ser
ostracizado logo na escola porque "pensa diferente" e tem uma
imaginação demasiado excêntrica. A igreja excomunga-o mesmo que seja um crente
(mas que contesta as religiões organizadas e manipuladoras). E as empresas
"burras" mandam-no pela porta fora pois tem "ideias malucas"
(embora, algumas companhias inteligentes, como a Google, já tenham descoberto
que os inconformistas podem ser, afinal, génios criativos e há que recrutá-los
antes que a concorrência os descubram).
Assim, note o seguinte:
- o inconformista pode ficar lixado (ou linchado
psicologicamente) se não obedecer às regras e fica no desemprego num instante,
enfrentando em pouco tempo uma série de divórcios (conjugais, doutrinais,
rituais, religiosos, etc.);
- e porque geralmente tem visões do mundo e ideias diferentes
dos outros, pode ser catapultado para o sucesso, a fama e rechear a sua conta
bancária (ou ficar na história da humanidade).
RISCOS BONS E MAUS
O inconformista corre 90% do risco de levar uma vida
cinzenta (aos olhos dos outros) e ver todas as portas fecharem-se e tem 10% de
"chance" de ficar rico num ápice (se usarmos isto como medida de
sucesso na vida).
Conheço um valoroso inconformista que depois de passar anos
na sua arte de viver de forma diferente do "rebanho" farta-se agora
de ganhar bom dinheiro por esse mundo fora a dar palestras sobre o
"inconformismo" tentando abrir algumas mentes desesperadas por
levarem vidas monótonas e cinzentas.
Esse inconformista militante emprega parte do seu tempo em
atividades voluntárias em África e entrega os seus ganhos a campanhas contra a
pobreza. Ou seja, é um inconformista que não se deixou contaminar pelo sucesso.
É uma das características do inconformista "perfeito".
Nunca o mundo precisou tanto de pessoas inconformistas que
sejam capazes de iluminar os milhões de conformados e adaptados a esta
sociedade tão pródiga em alienar-nos até com os mais estúpidos dos processos.
Se quer ser um inconformista pense bem nos prós e nos
contras. Tem uma possibilidade que eu defendo: deixe-se estar infiltrado no
sistema (no "status quo") e corroa-o por dentro, abanando e agitando
as mentes que ainda não despertaram para uma vida mais criativa.
Reflexões sobre Transformação Pessoal
Ao longo da vida todas as pessoas mudam. Mudam elas e muda o mundo. Viver é, com efeito, um exercício de transformação contínua.
O mais importante, porém, não é a mudança em si mesmo (isso
é apenas um processo) mas aquilo que realmente muda.
Estudei neuropsicologia e outras ciências nos
últimos 35 anos tendo exercido trabalho de aconselhamento nos últimos 15 após o
meu doutoramento. Tudo o que aconteceu nesse período me conduziu até aqui e me
proporcionou inúmeras descobertas (mais descobertas do que saberes), incluindo
um melhor conhecimento de mim mesmo.
Desde há uns anos, porém, que a pouco e pouco fui sentindo a
necessidade de focalizar a minha atenção nos grandes temas da vida para neles
tentar encontrar uma explicação racional e honesta sobre a saúde, o bem-estar e
o desenvolvimento da humanidade, a partir da qual fosse capaz de ajudar os
outros a enfrentar a aventura de viver num mundo cada vez mais incerto e
difícil.
Adoro biologia evolutiva - a minha mais recente área de eleição - mas já há
muito tempo que eu sei que as pessoas são muito mais do que os seus cérebros e
a sua psique e que são também muito mais do que os seus genes e todas as suas
células devidamente agrupadas em órgãos e funções interativas.
Daí que eu tenha percebido que teria de ir mais longe e para
além da neurociência para compreender o ser humano e a sociedade. Tinha de me
libertar de saberes tidos como dogmas inquestionáveis que me mantinham num
círculo vicioso e não virtuoso. A ciência, dessa forma, é redutora e
reducionista. É útil mas pode aprisionar-nos na especialização disciplinar.
Perceberia de cérebros (e sua atividade) mas pouco de
pessoas. E quem pense que estudando o cérebro vai algum dia compreender a
totalidade do ser humano não se ilude. Irá compreender muitos processos
neurológicos que explicarão sentimentos, decisões e comportamentos mas
escapar-lhe-á o essencial: o ser humano para além do cérebro.
Focalizando-nos no cérebro - e na sua evolução - estamos apenas a compreender uma
parte ínfima do homem. É útil e traz inúmeros benefícios, sobretudo na
medicina. Mas isso, para mim, não chega. Quero ir mais longe. Quero romper
fronteiras e desbravar novos caminhos em busca do ser humano e do seu futuro em
sociedade. Quero chegar a um lugar "muito além do nosso Eu" (título
de um livro do neurocientista Miguel Nicolelis).
Entrei pois em mais uma etapa a qual tem vindo a evoluir nos
últimos tempos. Foram tempos preenchidos por interrogações, dúvidas mas também
de busca e até de contemplação.
Tudo começou quando um pensamento antes difuso se tornou
claro: "quero parar de me sentir encurralado" nos meus saberes
académicos (sem desprezar, abandonar ou destruir todas as minhas aprendizagens
tanto as científicas como as proporcionadas pela "escola da vida").
Quero dar um passo mais no sentido da compreensão de tudo
pois, como escreveu Fritjof Capra, físico teórico e escritor que desenvolve
trabalho na promoção da educação ecológica, somos parte de um todo sistémico em
que tudo está integrado e nada vive sem estar integrado nesse todo que alguns
autores chamam de Kosmos (não com C mas com K, do antigo conceito grego que
inclui não só a matéria, mas também a vida na sua totalidade integrada e
integradora).
Parto pois para outros projetos, para outros caminhos, não
em busca de um Santo Graal qualquer mas do significado da vida, para poder
ajudar mais e melhor as pessoas na sua procura da felicidade, do bem-estar e da
sua fusão com o mundo, o universo e o kosmos.
Manter-me-ei um inconformista procurando retirar a cegueira
de que enferma a humanidade, ajudar a derrubar sistemas manipuladores da mente,
a ampliar o pensamento criativo das pessoas e enveredar pela inteligência
positiva em nome da Paz e de um mundo melhor, mais livre (sobretudo das prisões
mentais e sociais), mais saudável e mais digno da nossa presença (seja na Terra
seja em Marte ou em qualquer outro sistema solar).
Acredito que o homem tem um longo e fantástico caminho a
percorrer e muitas descobertas a fazer. Quero fazer parte dessa viagem de aventura intelectual.
A escrita, as palestras e a vida académica são os meus principais
meios de ligação e sobrevivência. Assumo-me, perante vós, como um inconformista
e ativista social, independente, sem compromissos com ideologias políticas,
crenças religiosas, ciências redutoras, modelos de educação castradores e
outras formas de inclusão e de dependência.
Quero e tudo farei para ser cada vez mais um descobridor e um pensador independente, mesmo tendo consciência que a tarefa não é fácil pois nenhum de nós, pela sua própria natureza social e biológica, consegue garantir tamanha autonomia intelectual.
Quero e tudo farei para ser cada vez mais um descobridor e um pensador independente, mesmo tendo consciência que a tarefa não é fácil pois nenhum de nós, pela sua própria natureza social e biológica, consegue garantir tamanha autonomia intelectual.
Trata-se pois de uma missão para a vida, de uma reforço da
minha personalidade e de um esforço para me sentir mais útil à humanidade.
Nelson S Lima
Quando nos dizem que somos loucos há nisso uma certa verdade!
No bonita região de Dorset, no sul de Inglaterra, com algumas novas ideias na cabeça. |
O facto de eu ser uma pessoa inconformista tem-me trazido extraordinárias experiências de vida mas também alguns dissabores por não conseguir pensar e agir como muitos "outros" gostariam que eu fizesse, ou seja, pensar "em conformidade com..."
Um dos passos mais arriscados que tomei na vida foi ter pedido a
demissão de um cargo de direção numa grande empresa portuguesa (com duas
fábricas em plena laboração na área agro-alimentar) em meados da década de 80,
no passado século.
Devo confessar que, numa primeira fase, porque o risco era
enorme, perdi. Perdi um excelente emprego de topo - o melhor que alcançara -
com todas as regalias que faziam parte da função, nomeadamente automóvel para
trabalho e uso privado, inúmeras viagens ao estrangeiro e outros benefícios
monetários.
Na verdade eu já fizera o mesmo anteriormente. Mudei de
emprego várias vezes por decisão própria mas sempre fui subindo na minha
carreira. E tinha chegado ao topo na área da gestão estratégica - que era onde
eu melhor me encaixava e mais competente me sentia.
A diferença é que, dessa vez, não mudei de emprego. Passei a
desempregado, com todas as consequências imediatas que isso acarreta.
Este tipo de mudanças na nossa vida não é para todos, confesso.
Tendo então dois filhos (e com um divórcio por resolver) a coisa poderia ficar
complicada. E ficou.
Embora tivesse em vista uma fonte de rendimento através de trabalho como consultor independente foi difícil acertar o passo e em breve o dinheiro começou a escassear. Os gastos eram superiores aos ganhos, além da intermitência destes. Precavera-me para um ano de investimento mas os resultados estavam longe do que previra. A família, já habituada à minha forma de estar, em permanente transição, em busca de melhores oportunidades, era quem, obviamente mais me criticava.
Criei uma revista de pequenos negócios, com dicas práticas - única no país - e consegui fazer bastantes palestras e cursos em todo o país (Lisboa, Porto, Braga, Coimbra, Castelo Branco, etc.) incitando os gestores a iniciarem-se na "inovação em gestão" entre outras matérias. Cheguei a ser formador da então Associação de Mulheres Empresárias e da Associação Industrial do Porto de forma vinculativa. Todavia, tudo somado, não ganhava nem metade do ordenado que antes auferia como gestor por conta de outrem apesar de estar a ficar conhecido no meio comercial e industrial (recordo-me que cheguei a estar em Paris como professor convidado de marketing da então Escola de Comércio do Porto numa viagem de intercâmbio com idêntica escola em França).
Passaram-se alguns anos e comecei a destacar-me, finalmente, como consultor tendo tido clientes cada vez mais importantes. Cheguei a dirigir temporariamente uma fábrica de média dimensão da área alimentar com vista à recuperação do seu mercado. Introduzi novas embalagens, abri-lhes novos negócios e oportunidades e os resultados apontavam todos para o sucesso da empresa a brevíssimo prazo. Só que deparei-me com patrões que, já idosos, achavam que a empresa deveria ficar como estava do que aventurar-se para além da sua clientela tradicional (que estava, todavia, a fugir para a concorrência antes de eu atacar o problema). Embora os resultados fossem muito bons, não quiseram dar o passo seguinte e resolveram travar-me. Assim terminou o meu contrato com eles (aliás, era um bom contrato para ambos). Menos de um ano depois soube que a empresa decidira voltar ao modelo de gestão anterior (o modelo deles).
Este é um problema típico das pessoas conformistas, pouquíssimo empreendedoras, como eram aqueles meus clientes. Preferiram manter-se agarrados ao que sabiam, embora estivessem muito ultrapassados na administração do seu negócio. Tiveram medo de arriscar e optaram por se manterem na sua anterior "zona de conforto". Acabaram por perder a fábrica e reformaram-se.
Estávamos já em 1992, ano, em que nasceriam os meus dois filhos mais novos (gémeos), frutos de uma relação que nascera uns sete anos antes. Nesse mesmo ano atirei-me a uma viagem à então recente República Eslovaca onde tive uma outra ideia que iria mudar novamente a minha vida e me conduziria àquilo que hoje faço.
Tenho pensado muito no dia em que decidi sair do meu último emprego onde era diretor pois agora estaria a auferir de uma boa reforma e não tinha de trabalhar mais, caso me apetecesse. Só que eu creio que, se voltasse atrás, repetiria o meu pedido de demissão.
Ok, eu confesso que corrigiria alguma trajetória, mas seria coisa de pouca monta. É que, se não tivesse feito aquela drástica mudança, eu não teria voltado para a universidade aos 50 anos de idade e enveredado por uma área totalmente nova da qual, agora, não pretendo sair, mas onde já estou envolvido em novos projetos rumo a um futuro que me mantenha estimulado e sempre criativo.
Mas essa parte da história, porque também é cheia de muitas peripécias, fica para outra altura.
Nelson S Lima
Passaram-se alguns anos e comecei a destacar-me, finalmente, como consultor tendo tido clientes cada vez mais importantes. Cheguei a dirigir temporariamente uma fábrica de média dimensão da área alimentar com vista à recuperação do seu mercado. Introduzi novas embalagens, abri-lhes novos negócios e oportunidades e os resultados apontavam todos para o sucesso da empresa a brevíssimo prazo. Só que deparei-me com patrões que, já idosos, achavam que a empresa deveria ficar como estava do que aventurar-se para além da sua clientela tradicional (que estava, todavia, a fugir para a concorrência antes de eu atacar o problema). Embora os resultados fossem muito bons, não quiseram dar o passo seguinte e resolveram travar-me. Assim terminou o meu contrato com eles (aliás, era um bom contrato para ambos). Menos de um ano depois soube que a empresa decidira voltar ao modelo de gestão anterior (o modelo deles).
Este é um problema típico das pessoas conformistas, pouquíssimo empreendedoras, como eram aqueles meus clientes. Preferiram manter-se agarrados ao que sabiam, embora estivessem muito ultrapassados na administração do seu negócio. Tiveram medo de arriscar e optaram por se manterem na sua anterior "zona de conforto". Acabaram por perder a fábrica e reformaram-se.
Estávamos já em 1992, ano, em que nasceriam os meus dois filhos mais novos (gémeos), frutos de uma relação que nascera uns sete anos antes. Nesse mesmo ano atirei-me a uma viagem à então recente República Eslovaca onde tive uma outra ideia que iria mudar novamente a minha vida e me conduziria àquilo que hoje faço.
Tenho pensado muito no dia em que decidi sair do meu último emprego onde era diretor pois agora estaria a auferir de uma boa reforma e não tinha de trabalhar mais, caso me apetecesse. Só que eu creio que, se voltasse atrás, repetiria o meu pedido de demissão.
Ok, eu confesso que corrigiria alguma trajetória, mas seria coisa de pouca monta. É que, se não tivesse feito aquela drástica mudança, eu não teria voltado para a universidade aos 50 anos de idade e enveredado por uma área totalmente nova da qual, agora, não pretendo sair, mas onde já estou envolvido em novos projetos rumo a um futuro que me mantenha estimulado e sempre criativo.
Mas essa parte da história, porque também é cheia de muitas peripécias, fica para outra altura.
Nelson S Lima
SIMPLIFICAR PARA VIVERMOS MELHOR
É necessário pararmos com muitos dos nossos hábitos,
incluindo os mentais. Se nos quisermos salvar, temos de simplificar a vida:
reduzir a informação ao essencial, eliminar da alimentação aquilo que é
supérfluo, terminar com as pequenas obsessões-compulsivas.
Teremos então maiores possibilidades de aumentar o tempo
para andar a pé, deambular por parques e jardins, brincar ou conversar com os
nossos filhos e os nossos amigos, ler, ouvir boa música, enfim, ter "o
nosso" tempo para nós.
Isto é importante porque a nossa atenção está muito centrada
no exterior. O nosso pensamento está às voltas com problemas e desafios, preso
à televisão, preso à internet, preso a muitas coisas.
Ora, precisamos de um RETORNO À SIMPLICIDADE. E isso é
possível enquanto ainda somos capazes de o fazer. Assim teremos mais saúde e
poderemos ampliar a nossa consciência para a aquisição de valores e pequenos
prazeres que temos inconscientemente rejeitado.
A sociedade clama por rapidez, competência, talento e excelência.
O consumo assim o tem exigido. As empresas massacram-nos com publicidade de
produtos e serviços. Nós correspondemos aos seus apelos, muitas vezes porque
somos seus empregados e ao mesmo tempo consumidores. Isso nos levará à doença e
àquela desconfortável sensação de vazio....embora estejamos cheios de coisas!
Simplifiquemos. Simplifiquemos a vida. Deixemos vir ao de
cima um pouco da criança que resta ainda em cada um de nós!
Nelson S Lima
Nelson S Lima
Educação. Basta de conversa fiada!
Quando falamos de educação estamos a falar de quê? Da
educação académica? Da educação moral? Da educação familiar? E quando educamos,
ou acreditamos que estamos a educar - no pressuposto de que estaremos a ensinar
ou transmitir algo a alguém - estamos a conseguir o quê? Afinal, o que é a
educação?
Enquanto não definirmos o que é a educação os
problemas....(da educação) vão continuar pois não sabemos com que estamos a
lidar....
Para mim é o primeiro dos grandes problemas que ainda não
foram resolvidos. E assim bem podemos fazer mil propostas e ensaiar mil
reformas mas nunca chegaremos ao âmago da questão que é o de sabermos como
conseguir oferecer uma "boa educação".
Tudo o que tenho ouvido a este propósito passa ao lado da
questão fundamental e então apenas ouço tretas e mais tretas. Basta!
Como somos manipulados (O Efeito Túnel)
Chama-se "túnel" ao fenómeno de adesão incondicional a uma causa de tal forma que passamos a fazer parte de um mundo fechado e por vezes isolado com as suas regras, princípios, normas e obrigações e com as quais nos identificamos. Quando entramos num "túnel" viramos as costas à nossa vida anterior e vamos parar a um outro do qual é difícil sair sem danos (físicos e psicológicos).
A entrada no "túnel" obriga-nos a despir o nosso
ego e a até perder um pouco da nossa identidade. Passamos a ter um número, uma
alcunha ou qualquer outra identificação e a fazer parte de um grupo, uma seita,
uma elite ou algo parecido. Entramos numa missão e tornamo-nos numa simples
célula de um tecido maior onde as leis são muito próprias e inquestionáveis
para manter a coesão do "grupo".
Exemplos de "universos" humanos onde se pode
entrar condicionado pelo fenómeno do "túnel":
- gangues organizados;
- claques desportivas organizadas;
- seitas religiosas (exemplo: Templo do Povo, já extinto, do
reverendo Jim Jones);
- comandos terroristas (exemplos: Al-Qaeda, Tigres Tamil do
Sri Lanka, Estado Islâmico, etc.;
- kamikazes (pilotos suicidas japoneses que se atiravam com
os seus aviões contra os navios de guerra norte-americanos).
- etc.
Mas também...
- movimentos políticos cerrados;
- partidos políticos tendencialmente não democráticos;
- grupos para-militares;
- forças armadas;
- forças policiais;
- etc.
A característica central do efeito de "túnel" é
que ele separa os seus membros do mundo "exterior", libertando-os das
amarras sociais em que estavam inseridos (familiares, amigos, etc.) e
colocando-os numa posição de abnegação e subserviência aos ideais do grupo.
Entram em cena os rituais, hinos, cânticos, bandeiras e outros símbolos,
obrigações e muito especialmente uma dedicação leal, indiscutível e insuspeita
à causa. O transe hipnótico está muitas vezes presente.
As "deserções" são muitas vezes punidas, nos casos
de grupos extremistas, com a própria morte.
O papel da psicologia de massas é muito importante nestas
organizações. Técnicas refinadas de persuasão, cativantes, com promessas da
mais diversa natureza (no caso dos "kamikazes" japoneses era
"fazer parte de uma elite de heróis" militares; no caso do Templo do
Povo, que levou ao suicídio e também matança de centenas de membros, era a
convicção de que se estaria a fazer algo de "extraordinário pela
Humanidade" e a caminho da "Terra Prometida").
Ao longo da história humana sempre existiu este efeito de
"túnel" porque desde cedo se formaram organizações em torno de causas
as mais diversas. Elas continuam a proliferar, por vezes de forma secreta. O
recrutamento faz-se hoje de forma mais discreta e a internet é, por exemplo, um
meio de captação. Muitos jovens aderem a "grupos" sem saberem que
aquilo que buscam vai empurrá-los para um "túnel" que os engolirá
como um "buraco negro".
Se há pessoas que sabem perfeitamente a que grupo ou causa
estão a aderir, muitas outras, à procura de um abrigo para as suas carências e
o seu isolamento social, acabam por ser apanhadas na rede como peixe indefeso.
Entrarão no "túnel" e lá ficarão por tempo indeterminado. Uns
sentir-se-ão felizes e integrados na disciplina e no espírito de missão a que
aderiram. Outros talvez descubram, tarde demais, que o "túnel" é
escorregadio e não permite voltar atrás.
Nota: não confundir "túnel" com "grupo".
O "efeito de túnel" é o nome do processo psicológico e
sociopsicológico de entrada num grupo, geralmente hermético.
Estratégias para enfrentar as incertezas
Gosto muito da palavra "CHANCE",
a qual significa não apenas "sorte" e "acaso"
como também "oportunidade".
Tirar partido dos "acasos" da vida é uma boa estratégia
a qual significa não apenas "sorte" e "acaso"
como também "oportunidade".
Tirar partido dos "acasos" da vida é uma boa estratégia
para vivermos. E isso exige uma certa ciência. Ou, se quisermos ser
mais rigorosos, uma boa dose de inteligência e perspicácia,
além, obviamente, de uma mente aberta
para as possibilidades e as oportunidades da vida
(que tantas vezes não vemos pois estamos distraídos
ou de costas voltadas).
além, obviamente, de uma mente aberta
para as possibilidades e as oportunidades da vida
(que tantas vezes não vemos pois estamos distraídos
ou de costas voltadas).
Agarre o poder da auto transformação
Você poderá não
mudar o mundo. Você poderá ter muitas razões para mudar aquilo que gostaria de
mudar na sua vida. Mas, por vezes, sente que é tão difícil.
O mesmo se passa comigo. Tanta coisa eu gostaria de mudar para além do meu mundo. Custa imenso. Mas não desisto, porém, de tentar. Pacientemente.
O mesmo se passa comigo. Tanta coisa eu gostaria de mudar para além do meu mundo. Custa imenso. Mas não desisto, porém, de tentar. Pacientemente.
Mas lhe digo também
o seguinte: há um outro mundo onde você pode modificar várias coisas. Esse
mundo é você, com seu organismo, sua mente, seus pensamentos e emoções, suas
memórias e conhecimentos.
Feliz daquele que
tem consciência de que pode mudar algo em si mesmo e que parte para a
transformação. Sejam hábitos, padrões mentais, comportamentos, ações e
iniciativas há sempre uma possibilidade em aberto algures. Nem que seja na
forma como você encara as coisas. Por exemplo, mudar de perspectiva sobre algo,
rever ideias, aumentar os conhecimentos. Tudo isso e muito mais pode elevar
você a outros patamares da sabedoria da vida.
Eu tenho feito isso
e posso dizer-lhe que é dos maiores prazeres que uma pessoa pode sentir: a
capacidade de mudança!
Não deixe para
amanhã nada que possa fazer hoje nesses domínios do Ser.
A CIÊNCIA ESTUDA A ESPIRITUALIDADE
O HOMEM É MAIS DO QUE MATÉRIA?
Adorei a entrevista do Dr. Luis Portela, formado em
Medicina, psicofisiologista, presidente dos Laboratórios Bial
(http://www.bial.com/pt/) - um prestigiado centro de investigação e produção de
medicamentos, o mais famoso dos quais foi o acetato de eslicarbazepina
destinado a controlar a epilepsia.
Luis Portela é também presidente da Fundação Bial que foi
criada em 1994 para promover bolsas de Investigação Científica orientadas para
o estudo neurofisiológico e mental do Homem, nas áreas da Psicofisiologia e da
Parapsicologia. Esta fundação já apoiou 460 projetos de mais de mil
investigadores de 26 países.
Será dos poucos casos do mundo em que uma organização científica, envolvida no desenvolvimento de fármacos, apoia também o estudo da espiritualidade!
Na entrevista à revista Notícias Magazine de 28.12.14, Luis Portela, que é autor do livro "SER ESPIRITUAL - DA EVIDÊNCIA À CIÊNCIA" (já na 18ª edição) e que não se apresenta como homem religioso, é de opinião que a ciência ainda não estudou devidamente a espiritualidade porque se fixou na matéria!
Ora o Dr Luis Portela defende que o homem é mais do que um organismo, apenas um ser vivo, mas que é também um ser espiritual e que isso, de alguma forma, tem orientado a investigação médica da sua empresa (a mais prestigiada do setor em Portugal, com 900 colaboradores). Ou seja, a investigação farmacológica leva em conta a natureza espiritual do homem.
Eis alguns sublinhados que fiz na entrevista:
"Sou um homem de convicções mas, acima de tudo, tenho dúvidas".
Será dos poucos casos do mundo em que uma organização científica, envolvida no desenvolvimento de fármacos, apoia também o estudo da espiritualidade!
Na entrevista à revista Notícias Magazine de 28.12.14, Luis Portela, que é autor do livro "SER ESPIRITUAL - DA EVIDÊNCIA À CIÊNCIA" (já na 18ª edição) e que não se apresenta como homem religioso, é de opinião que a ciência ainda não estudou devidamente a espiritualidade porque se fixou na matéria!
Ora o Dr Luis Portela defende que o homem é mais do que um organismo, apenas um ser vivo, mas que é também um ser espiritual e que isso, de alguma forma, tem orientado a investigação médica da sua empresa (a mais prestigiada do setor em Portugal, com 900 colaboradores). Ou seja, a investigação farmacológica leva em conta a natureza espiritual do homem.
Eis alguns sublinhados que fiz na entrevista:
"Sou um homem de convicções mas, acima de tudo, tenho dúvidas".
"Escolho o caminho do meio (entre a ciência e a
espiritualidade): nem falo em milagres nem digo que é tudo charlatanice.
Escolher o caminho do meio é estar disponível para analisar fenómenos de acordo
com o método científico".
"Sempre me mantive atento quer às neurociências quer à
parapsicologia; há um conjunto de evidências comprovadas pela ciência que me
fazem crer que é o caminho a seguir (estudar determinadas formas de energia
desconhecidas ou ainda pouco conhecidas)".
"A parapsicologia tem sido alvo de muitos oportunistas
e de muita trapalhada, mas isso acontece devido à ignorância que grassa na
área. Pasteur quando falou na existência de micróbios foi chamado de tolo até
que a invenção do microscópio mostrou que ele estava certo".
"No mundo da ciência, na ausência de conclusões
duvida-se e duvidar é bom. Rejeitar sem estudar não me parece adequado."
"A Terra parece-me um mundo-escola, onde vimos vezes
sucessivas para aprender, para evoluir".
"Não me considero (apenas) este corpo físico".
"Não me considero (apenas) este corpo físico".
TRANSIÇÕES
SOFREMOS, por vezes, muito mais do que os outros. Porque
os outros, na sua esmagadora maioria, estão integrados nos velhos sistemas e
crenças, e pouco mais vislumbram do que uma parte daquilo que está a mudar à
sua volta. Tendem a adaptar-se por força das circunstâncias às novas realidades
mas com muita pouca convicção. E, por isso, muitos deles protestam, reclamam,
dizem mal para, no final, manterem-se protegidos pelo seu próprio
conservadorismo.
Nós, os inconformistas, vivemos geralmente entre dois
mundos: o velho e o novo. Muito do que somos derivam de estruturas antigas
formatadas pela sociedade de onde viemos. Mas não se pode pegar na mochila,
dizer adeus ao passado (e às pessoas) e embarcar rumo ao novo mundo. Há quem o
faça mas com alguma imprudência (e com custos que podem ser muito elevados).
Os adultos mais jovens, aqueles que nasceram já depois de
1900 e que estão agora na universidade ou a procurar o primeiro emprego, vivem
do outro lado da fronteira porque o que se lhes deparou foi já um mundo muito
diferente daquele que os seus pais viveram quando tinham a sua idade. Só não
serão inconformistas e conspiradores sociais se tiveram uma educação muito
conservadora.
AS GERAÇÕES anteriores debatem-se com a mudança, que nem
sempre compreendem. Tentam manter os alicerces antigos e tudo aquilo que lhes
dava um sentimento de segurança: os velhos empregos para toda a vida, os
hábitos, os costumes, as tradições (muitas delas mantidas apesar de obsoletas e
adulteradas) e a esperança de que tudo volte atrás, a um mundo mais
equilibrado, sem grande sobressaltos, menos assustador e incerto.
Agora somos forçados a mudar ou, no mínimo, a adaptar-nos
aceitando a nova e permanente revolução social (os empregos de curta duração -
não mais de 7 anos - as empresas que abrem e fecham em menos de 5 anos, os
novos negócios baseados na internet, o trabalho por conta própria, as famílias
separadas - por vezes por milhares de quilómetros - a diversidade e a
quantidade de informação, as surpresas impensáveis e acima de tudo muita
fantasia, enganos e ilusões (famosos que de repente deixam de o ser, anónimos
que de um dia para o outro atingem a fama, políticos desorientados porque não
conseguem interpretar o novo mundo, gente semi-perdida sem saber que rumo tomar
e por aí adiante).
O MUNDO, hoje, trabalha 24 horas por dia. Enquanto
dormimos, os nossos computadores estão a receber emails e as notícias
proliferem a cada instante. Acordamos de manhã, abrimos o jornal e deparamo-nos
sempre com surpresas e novidades. Nunca sabemos o que nos poderá surpreender
amanhã. Até o passado parece que vai mudando, à medida que é reinterpretado à
luz de novos dados até agora ignorados (ainda recentemente um estudo desfaz a
história das nossas origens; parece que, afinal, só houve uma espécie hominídea
de quem descendemos e não mais espécies anteriores).
Somos forçados a reinventar-nos mais rapidamente do que
alguma vez aconteceu na história da humanidade. Quem não for capaz disso ficará
para trás e se estiver ainda em idade produtiva (ela própria avançou uns 20
anos quando comparada com os anos 60 ou 70 do século passado) isso poderá ser
desastroso.
Para nos reinventarmos temos de compreender o mundo novo.
Isso implica, por vezes, um grande esforço de adaptação, aprendizagem e até
sofrimento. Mas não há alternativa.
VIVEMOS num mundo de coisas a mais. É a era do mais. Mais
acontecimentos, mais notícias, mais diversidade, mais medos, mais incertezas.
Mas também mais oportunidades, mais espaço para arriscar. No fim, como escreveu
Andy Growe, parece que apenas "os paranóicos sobrevivem" pois estão
por tudo, embora cada vez mais esvaziados como humanos. Tornaram-se máquinas de
consumo, alienados, predestinados a ficarem "zombies" (mas sem o
saberem pois perderão a consciência dessa mudança interior quando ela ocorrer).
Será um mundo melhor ou pior do que os anteriores?
Provavelmente, melhor mas mais confuso por excesso de tudo (do que é bom e do
que é mau).
Prepare-se para o "choque do futuro" (que foi
anunciado nos anos 70 por Alvin Toffler). A "Terceira Vaga" está aí,
desde então. Mas já não é apenas uma onda de mudança mas um autêntico
"tsunami" que vai varrer tudo.
O INCONFORMISMO DE UMA CIDADE
A criatividade é uma das caraterísticas mais típicas das pessoas inconformistas. Não é por acaso que domínios como as artes e a publicidade estejam cheias de indivíduos que usam o chamado pensamento lateral e inconformista.
Conhece certamente este logo de Nova Iorque - I LOVE NEW
YORK. Está difundido em tudo quanto é sítio, desde copos a vestuário.
O seu autor foi um talentoso designer gráfico - Milton
Graser - também fundador da revista "New York", além de criador de
interiores de restaurantes famosos e de rótulos de muitos produtos.
Foi em 1975 que aceitou o desafio de criar uma campanha de
propaganda para revitalizar a imagem de Nova Iorque numa altura em que a cidade
estava a atravessar um período de decadência e apagamento. Os crimes nas ruas
atingiam números nunca antes vistos e os habitantes mostravam-se pouco
empenhados em mudar a atmosfera emocional que se vivia.
Graser tinha de usar a frase "I love New York".
Era a única exigência do governo da cidade. Andou semanas com várias tentativas
mas nenhuma lhe agradou. Então, um dia, quando ia numa viagem de taxi,
surgiu-lhe a ideia do "coração" para substituir a palavra
LOVE.
Ele conta que havia ficado bloqueado porque estava preso à
frase "I LOVE NEW YORK". Foi então que deixou seu cérebro
inconsciente trabalhar livremente. E eis que então, de repente, sem que nunca
tenha pensado nisso, surgiu a ideia do coração! Foi mais um momento EUREKA!
Veja o site da promoção de Nova Iorque aqui:
MUDAR OU NÃO MUDAR
É daqueles fenómenos da vida que cada vez mais somos
obrigados a enfrentar. Trata-se de mudança!
Toda a gente fala em mudança, desde os políticos mais
crentes (numa mudança salvadora) e os sacerdotes (escolhermos uma vida mais
venerável e sem pecado) até aos nossos amigos, familiares e vizinhos (que já
perceberam que alguma coisa tem de mudar para não nos afogarmos na mesmice). E
há também os nossos filhos de quem esperamos determinadas mudanças no seu
quotidiano. Enfim, estamos todos irmanados num onda de mudança.....
Ora mudar significa mesmo alterar, desviar de rumo,
transformar. Mas não é a única forma de mudar! Uma delas, que se chama,
"aceitação" é, por vezes, muito mais revolucionária pois passa por
deixarmos tudo na mesma. Ou melhor, é enfrentarmos aquilo que, não podendo ser
objecto de uma transformação qualquer, exige a capacidade de resistirmos
aprendendo a sabermos viver com o que temos, deixando-nos de fantasias e
aventuras desnecessárias e arriscadas.
Por exemplo, aceitar o envelhecimento! É um processo
biológico inevitável mas há pessoas que se põem a fazer plásticas e mudam de
estilo (até de apresentação) sendo incapazes de "viver com" a
situação.
As duas formas de mudança não são incompatíveis mas devemos
ter o discernimento de que, por vezes, não precisamos de uma mudança no sentido
convencional do termo mas de uma mudança mais interior que - acreditem - pode
ser mais transformadora e profunda do que optarmos por uma mudança disparatada
e revolucionária.
A melhor mudança, em certos aspectos da nossa vida, é
pegarmos no que temos, aceitarmo-lo e operar uma mudança que é mais interior e
radical do que partirmos para outros objetivos e horizontes.
Na verdade, o que eu aqui quero salientar é que nem toda a
mudança tem de significar um salto para a frente mas simplesmente ficarmos onde
estamos para enfrentar, sim, algo mais transformador e sereno.
Viver é mudar. É o processo da vida já que nela nada é
estático. Aprendamos a saber escolher o momento de encetar uma mudança e também
qual o tipo de mudança mais conveniente.
Às vezes, avançar para uma mudança requer tempo e
oportunidade. Se soubermos gerir esses impulsos talvez vivamos menos
angustiados e mais sábios.
Com isto em mente, qualquer mudança pode ser possível. Mesmo
que sejamos forçados a aceitar o que temos como seguro e aprender a viver com
isso. Sem ansiedade.
Os sujeitos normais e os outros
Em geral, temos do ser humano uma ideia sobre a existência
de vários modelos. Por exemplo, temos os excêntricos, os génios, os talentosos,
os criativos, os esquisitos, os loucos, os normais. Alto!!! Vou parar aqui, nos
NORMAIS.
Todos aprendemos a formar uma ideia do que é um ser humano
"normal" (o que eu chamo "modelo standard") e depois temos
os outros mais ou menos normais ou totalmente anormais (apenas porque diferem
do que entendemos como "normais").
Todavia, o que é um ser humano normal? No capítulo da
anatomia já evoluimos bastante no conceito porque antigamente qualquer pessoa
com uma incapacidade (por exemplo, cegueira) era anormal. Eu ainda me recordo
dessas classificações populares.
Se entrarmos no campo dos comportamentos e das mentalidades
então a coisa torna-se muito estranha. Se dermos algum valor às conversas de
café temos um catálogo enorme de tipos. Em termos cognitivos temos desde logo
uma escala de vai do deficiente ao génio. Ou do mais estúpido ao mais esperto.
Há-os para todos os gostos. E nos manuais da psiquiatria, onde a ciência fala
mais alto, também.
Mas a psiquiatria tem ajudado na confusão. Ela, a
psiquiatria, sabe que qualquer sujeito normal (incluindo os próprios
psiquiatras) apresenta algum défice ou transtorno, alguns ligeiramente
encobertos por um comportamento normal, outros descaradamente visíveis. O
problema é discernir onde começa e acaba o "normal", o tal modelo
"standard".
As pessoas gostam de gente normal, que anda na linha e em
sintonia com a classificação que o senso comum adotou (e que vai revendo com os
tempos).
O problema é quando surgem estudos como o que a nossa amiga
Isilda colocou hoje nesta página, referindo uma notícia da imprensa e que diz
esta coisa: "comediantes têm traços de personalidade psicóticos" (ou
seja, são portadores de uma desorganização da representação da realidade). E
assim, nesta linha de raciocínio, os comediantes são "anormais".
Pois bem, de facto, a maioria das pessoas não é comediante.
Logo, considerando-se a maioria representada por "gente normal" eles
são diferentes. Tal como Cristiano Ronaldo que os fãs já chamam de
"génio" da bola (e então, temos aqui outro anormal pois a maioria nem
sequer joga futebol).
Convinha que a ciência fizesse uma revisão urgente do que
considera normal - se tal for possível - pois anda por aí a circular muita
contra-informação e aldrabice, o que leva a mais preconceitos dos quais
custa imenso livrar-nos.
Eu creio que um dia, quando começar a manipulação genética
intensiva nos humanos (já faltou mais tempo), tudo isso vai deixar de ser
problema porque cada bebé vai trazer um "Guia de Instruções", chapa
de matrícula, chips implantados no corpo, etc. E aí, sim, saberemos quem são os
normais. Porque eu, por exemplo, ainda não sei bem o que é um ser humano
normal. Talvez porque eu seja um anormal qualquer!
SEM MEDO DAS CRISES
Uma certa dose de desespero e decepção sobre o estado do
mundo é, a meu ver, realística. Não porque se justifica mas porque é essencial
para a nossa sobrevivência. O desespero e a deceção levam muitas pessoas para
um caminho sem saída. Não conseguem ver para além desses sentimentos e ficam
paralisadas indevidamente (mesmo que se mostrem indignadas e convoquem e
participem em manifestações de protesto).
As pessoas devem conseguir ver além do que se lhes
apresenta. É aí que surgem sentimentos como esperança e energias como a
capacidade de tomar decisões e empreender, procurando vencer as adversidades
pessoais e colectivas.
Dir-se-á que é fácil dizer isto mas todos os estudos mostram
que as pessoas dotadas dessas habilidades conseguem ser menos pessimistas (o
pessimismo leva ao desânimo, à perda de vontade e motivação para mudar) e
ultrapassarem mais facilmente as crises da vida.
Se vivêssemos num estado de felicidade plena, sem problemas
nem crises, tornar-nos-íamos em seres frágeis e passivos. Sem a adversidade a
nossa espécie já teria desaparecido, tantos foram os problemas (pestes,
guerras, etc.) que assolaram a humanidade ao longo da história.
Para um código do Inconformismo
IDEIAS INCÓMODAS, IDEIAS PERIGOSAS?
Escreveu Cecil Beaton, famoso fotógrafo inglês (foi
fotógrafo da família real inglesa, repórter na 2ª Guerra Mundial e fotógrafo da
revista Vogue nos anos da década de 1950): "Sê ousado, sê diferente, sê impraticável, sê qualquer
coisa que defenda a integridade de propósito e a visão imaginativa contra os
que jogam pelo seguro, as criaturas do lugar-comum, os escravos do
normal".
Vamos refletir sobre isso:
SER OUSADO E DIFERENTE significa evitar o conformismo e a
aceitação acrítica procurando uma alternativa à vida acomodada a uma série de
hábitos e confortos, à segurança do que é conhecido sabendo, porém, que isso
significa a possibilidade do fracasso mas também a de tentar uma e outra vez!
SER IMPRATICÁVEL é tornar possível o que muitos outros
consideram sem interesse ou inútil, é criar soluções nunca antes tentadas, é
inventar (muitas das grandes invenções desafiaram o "status quo" da
época em que foram criadas, foram mesmo consideradas provocadoras e despropositadas).
INTEGRIDADE E IR CONTRA OS QUE JOGAM (APENAS) PELO SEGURO.
Diz Chris Guillebeau que "o mundo está cheio de sonâmbulos e cínicos que
cheguem; as restantes pessoas precisam da tua ajuda (inconformista); eu cometi
muitos erros ao longo da minha própria viagem inconformista; o que tenho
recusado fazer é acomodar-me". Devemos pois ser nós mesmo evitando que
outros nos manipulem ou nos empurrem para opções que agradem à sociedade por
uma questão de conveniência social.
Nelson S Lima
PORQUE ESTOU AQUI
Temos de nos libertar das velhas visões doutrinais que nos
têm servido de guia, dos dogmas, dos muitos hábitos insalubres adquiridos, das
crenças ultrapassadas e até de muito lixo que alimentou a nossa educação.
Eu desejo que as pessoas observem, reflitam e façam as suas
opções de forma oportuna, defendendo seus interesses mas tendo em conta a
responsabilidade de cada um na construção de uma nova sociedade, mais livre e
mais feliz.
EXEMPLOS INCONFORMISTAS
Seth Godin |
Não é um mau conselho. Sim, é uma forma possível de se levar a vida evitando tanto quanto possível surpresas por nos arriscarmos demais, nomeadamente no mundo dos negócios, na vida profissional, nas carreiras independentes, etc.
Mas tenho visto que muitas pessoas, sozinhas ou associadas com outras, têm decidido mesmo arriscar, algumas deixando o emprego para trás e para encetar um novo rumo às suas vidas.
Ora esta é uma regra de ouro, hoje em dia: a de arriscarmos, ponderando todos os prós e contras, mas não desistindo só porque isso significa mudar, e por vezes mudar muita coisa.
Mudar faz parte da evolução e aplica-se a muitas outras áreas da vida humana quando sentimos que estamos a ficar saturados ou a precisar de enfrentar novos desafios.
Seth Godin, considerado uma das mentes mais brilhantes da área dos negócios e do marketing (áreas que exigem muita ação, ideias e espírito empreendedor), deixou confusas algumas pessoas quando afirmou que "a vida inteira mentiram-nos porque não há risco maior do que não correr risco nenhum" (veja o site do autor em www.sethgodin.com).
Ele é um dos inconformistas mais destemidos que conheci na minha vida profissional e um exemplo de criatividade, tendo uma visão do mundo que deixa muitas pessoas estupefactas, incrédulas.
Caterina Fake, fundadora do Flickr (o conhecido site de hospedagem e partilha de imagens fotográficas - ver www.flickr.com - não lhe fica atrás e aborda o tema dos vírus mentais que nos contaminam. Disse ela: "hoje em dia toda a gente procura a ATENÇÃO dos outros; o problema é que isso tornou-se na mais irresistível das drogas". Mas é uma droga boa? Não quando ela ofusca "qualquer outro tipo de recurso que podemos ter para dar aos outros e ao mundo".
Vemos hoje uma sociedade carente de atenção. Escrevem-se livros sobre isso pois é cada maior o número de pessoas que dela carecem. Vejam-se as televisões e esse mundo cada vez mais alargado de gente famosa. De que vivem elas? De atenção. Não são lá muito originais no processo mas fazem o que podem para estar nas bocas do mundo.
Não são o melhor exemplo de inconformistas pois a maior parte dos "famosos" que conhecemos - especialmente do mundo do espectáculo - são personalidades frágeis e facilmente descartáveis. Podem ter muito talento mas o mundo procura novidade e há cada vez mais novos talentos. E, assim, a reciclagem humana está na ordem do dia, até nos empregos.
De nada serve reclamarmos contra os poderes instalados e o
sistema. A sociedade evoluiu assim desde há muitos milhares de anos. Então, o
que temos de fazer é elevarmo-nos como pessoas, puxarmos pelas nossas
capacidades e saberes, e arriscarmo-nos a mudar. Mudar é pois a palavra-chave,
por muito batida que ela esteja.
Eu sou de opinião que não é o mundo que tem de mudar, mas
nós próprios, cada um com o seu próprio esforço, servindo de exemplo aos outros
que, embora reclamando e protestando, pouco mais fazem (e alguns até
conseguiriam mais do que fazem). E se todos o fizermos, então o mundo mudará.
A aprendizagem do "espírito empreendedor"
Incutir o "espírito empreendedor" nas crianças deve ser uma das mais urgentes tarefas da educação para o século XXI - um século que se prevê de grandes avanços na ciência, na tecnologia e na cultura. Mesmo na criança que se revele menos ativa ou menos pró-ativa pode-se despertar o interesse pela ação fazendo-a descobrir que é agindo que ela pode mudar o seu próprio mundo.
Aqui entramos então numa "cultura para o
empreendedorismo" que não tem necessariamente que ser aplicada apenas no
mundo do trabalho. Pode (e deve) cobrir o maior número possível de áreas da
vida pessoal para que a criança possa ser capaz de mais autonomia e
independência, desenvolvendo-se nela uma "personalidade autotélica",
isto é, uma personalidade caracterizada pela satisfação de se envolver em atividades
psicológica e espiritualmente gratificantes e prazerosas, e frequentemente
produtivas.
A aprendizagem do "espírito empreendedor" deve
fazer-se de forma igualmente ativa. Ou seja, não é através de dicas e receitas
que se faz um empreendedor mas é trabalhando as suas potencialidades para se
soltar e descobrir o prazer do risco calculado, não receando o fracasso nem
tendo medo do próprio sucesso.
Finalmente, no campo da saúde e do desenvolvimento pessoal,
o "espírito empreendedor" é altamente benéfico visto que entrega à
pessoa a faculdade de auto-controlo. A pessoa conduz a sua vida (em vez de ser
conduzida) rumo a objetivos pragmáticos: gere o seu estilo de viver, controla
os seus hábitos e amadurece rumo à sabedoria. O envelhecer torna-se então não num
declínio mas num processo de crescimento que favorece vários domínios pessoais:
a personalidade em geral, a inteligência, a vida emocional e a saúde integral.
"Ser empreendedor" pode tornar-se, finalmente, num
projeto de vida e (por que não?), num código para uma vida melhor e mais
frutuosa.
Criei as minhas regras e arranjei o emprego que queria!
Eu, em 1974, com 28 anos de idade, nas oficinas da empresa |
O engenheiro que me ia entrevistar teria uns 60 anos de idade. Era uma pessoa com uma formidável apresentação: simpático, cordial, de postura e gestos elegantes. Inspirou-me confiança e descontração.
Eu estava no gabinete dele para uma entrevista para o que eu
esperava poder vir a ser o meu segundo emprego. Eu teria uns 25 anos e um
"curriculum" que começava a "engordar". A função (conforme
vinha descrita no anúncio do jornal): responsável pela criação e direção do
gabinete de Relações Públicas e Comunicação numa empresa com 4.000
trabalhadores do ramos de transportes.
Depois de uma conversa informal sobre o tempo e outras banalidades
para criar ambiente (e que ele soube muito bem gerir) passámos à questão
central: o candidato, eu. (Entretanto, lá fora, estavam mais 5 pessoas que iam
ser entrevistadas; todos nós já tínhamos passado por uma série de fases
eliminatórias, incluindo os inevitáveis testes).
Voltemos à minha entrevista. Começou com perguntas de fácil
resposta até que me colocou AQUELA que eu esperava e onde eu ia apostar tudo:
"Nelson, tem algumas IDEIAS para o trabalho que a função requer"?
EU TINHA. Eu tinha 10 páginas de ideias, um verdadeiro plano
de trabalho, uma grande proposta!
Abri a minha pasta e estendi-lhe as folhas de papel que eu
havia escrito nos dias anteriores. Ele mostrou-se surpreendido pois esperava
muito provavelmente que eu titubeasse umas coisas sem grande consistência.
Mas não foi assim, meus amigos. Quando eu soube qual era a
empresa e que ela desejava criar um serviço novo (um gabinete de apoio à
Administração com responsabilidade directa na construção da imagem da empresa e
nos contactos com a imprensa e o público) eu pesquisei tudo o que me pudesse
informar sobre a organização para ver que tipo de serviço eu poderia propor
(recordo aos mais novos que não havia internet). E foi assim que enchi 10
páginas de ideias.
O engenheiro olhou para mim, sorriu de surpresa e visível
satisfação e começou a ler. Esperei longos minutos, intermináveis minutos.
Depois, ele voltou a sorrir e disse-me: - "Nelson, isto está espectacular;
isto é uma verdadeira proposta de trabalho, inacreditável pois você ainda é
candidato....(pausa)....ou talvez não! Amanhã, eu telefono-lhe".
Não sei como correram as entrevistas dos outros candidatos.
Lembro-me de um pormenor. Nenhum levava pasta. E pensei "talvez não levem
mais do que duas ou três ideias na cabeça". Sorri para mim e saí.
No dia seguinte fui contratado e fiquei na empresa 9 anos até
ser chamado para a vida política, em 1980.
Enquanto lá estive criei o gabinete de Relações Públicas e
Comunicação, o jornal e a revista da empresa, o centro cultural, escrevi um
livro sobre a história (da empresa), restaurei alguns veículos antigos que
agora estão expostos em museus americanos e portugueses (uma longa história
essa), etc.
Ultrapassei-me a mim mesmo pois fui além do que tinha
escrito naquelas 10 páginas iniciais e que me fizeram merecer o emprego (e a
empresa merecer o meu trabalho!).
Meus amigos, o mundo mudou. O mercado de trabalho também.
Mas hoje eu usaria a mesma estratégia! Aliás, é o que faço. Ser diferente!
Emprego ou trabalho?
Você está pronto? |
Se é daquelas pessoas que procura emprego pense em mudar de
estratégia. Procure TRABALHO. Se vai exercê-lo como empregado a tempo inteiro
ou como trabalhador independente isso é outra coisa.
Imagine que sou um empregador (até sou). Eu far-lhe-ia 4
perguntas que poderiam decidir tudo. O que você responderia? Ei-las:
- o que tem FEITO nos últimos anos (3, 5, 10 anos)?
- o que você PROCURA (o que quer) na minha empresa?
- o que você tem para OFERECER (competências, talentos,
habilitações)?
- tem IDEIAS sobre o negócio em que eu estou? Já pensou
nisso?
Durante os últimos 15 anos procurei pessoas para trabalharem
comigo. A maioria decepcionou-me por incompetência e falta de ambição (de se
promover, de aprender mais, etc.).
Certos padrões mentais geram comportamentos rotineiros!
Aprendi há muitos anos que podem acontecer coisas
extraordinárias na vida quando decidimos sair da rotina e repensar o caminho
percorrido. Sair da rotina não significa necessariamente que tenhamos de mudar
de emprego, mudar de residência ou deixar para trás família e amigos. Todos
temos consciência que estamos obrigados a compromissos na vida que não podemos
simplesmente ignorar e dizer adeus. Por outro lado, também temos hábitos e
rotinas que são saudáveis.
O problema está frequentemente nos padrões mentais que
adquirimos e que nos levam a ter rotinas de pensamento. As crenças, por
exemplo, encaixam-se nessa categoria. Conheço muitas pessoas que ficam
incomodadas quando alguém lhes questiona uma crença. As crenças (sejam do que
for) ficam vincadas no nosso espírito como verdades absolutas e ninguém aceita
interrogar-se sobre elas a não ser quando fica diante de uma situação limite! É
por estes e outros acontecimentos similares que o pensamento humano evolui
lentamente. Bem sabia Einstein do que dizia quando desabafou que se o homem se
libertasse de ideias feitas e de conformismos seria um animal mais evoluído.
Veja-se como hoje atravessamos uma crise enorme no mundo
devido a não estarmos preparados para os novos desafios e mudanças profundas.
Buscamos soluções com ideias velhas que não se adaptam aos novos problemas.
Isso deve-se ao facto de estarmos prisioneiros de rotinas e de incapacidades
como a de não sabermos repensar o caminho percorrido.
Não admitimos que o passado pode merecer uma nova leitura, uma
nova interpretação. Agarramo-nos a ideias que foram excelentes em certos
momentos mas enganamo-nos frequentemente quando acreditamos que essas mesmas
ideias são sempre válidas. Temos de olhar para trás e limpar os nossos armários
de recordações. O mesmo é dizer, reciclarmo-nos e darmos lugar a novas
aprendizagens que rejuvenesçam o nosso espírito.
Olhar em frente não significa abandonar o passado mas
repensar o passado, incluindo, até, muito daquilo que aprendemos. É quase
garantido que ao fazermos isso vamos encontrar motivos para nos decidirmos por
uma mente mais aberta, flexível e criadora.
Uma vez, uma menina, excelente aluna, a quem a professora
perguntou o que era a "liberdade" respondeu que era o
"oceano". A professora zangou-se e chamou-a de burra. Todos os
colegas se riram na cara da menina que não voltou mais à escola com vergonha.
Sentiu-se humilhada e incompreendida. Quando lhe perguntei porque ela disse que
a liberdade era o oceano explicou-me que a ideia dela era que um oceano, por
ser tão largo e livre, era um bom exemplo de liberdade. E ela tinha razão. Mas
o seu espírito aberto não teve eco na mente fechada e formatada da professora
habituada a pensar a liberdade de acordo com uma definição convencional.
É esta também a grande diferença entre um espírito jovem e
um espírito velho. O primeiro é aberto, inconformista e flexível. O segundo é
fechado, conformista e rígido. Em ambos os casos estamos perante padrões de
pensamento distintos.
Também é verdade que o espírito jovem pode envelhecer por
força de uma sociedade que se fecha perante a mudança. Mas o espírito velho
fica pior. Fica obsoleto quando já apenas só consegue repetir-se
rotineiramente.
Afirme-se como um espírito jovem e não deixe envelhecer os
seus padrões mentais. O mundo não volta para trás e o que temos pela frente só
admite pessoas habilitadas a pensar com o que eu chamo de "ousadia
criativa". Quem não for capaz de se reciclar talvez só se possa queixar de
si mesmo. E não dos outros. Nem do mundo que ao mudar apenas cumpre o seu
desígnio.
Just Do It: a sociedade do engodo!
Os anos 80 e 90 ficaram marcados por vários acontecimentos
de impacto mundial, nomeadamente o desmoronamento da União Soviética e o
arranque das novas tecnologias de informação. Não obstante, talvez aquilo que
influenciou mais pessoas (e a sociedade que ainda hoje vivemos) foi uma
campanha publicitária da Nike sob o lema "just do it" e uma outra da
sua concorrente Adidas baseada em "impossible is nothing".
Estas campanhas, propagadas maciçamente por todo o mundo,
ajudaram à "cultura consumista" em que vivemos e àquela crença de que
tudo é possível através do TER. Foi também a época em que começou a despontar
um interminável número de "gurus" de auto-ajuda prometendo a
felicidade e o sucesso com meia dúzia de ideias-chave que ainda proliferam em
mentes mais susceptíveis.
O culto da celebridade, por exemplo, é responsável por
milhares de programas de televisão em todo o mundo e milhares de revistas
"cor-de-rosa" e do "jet set". Milhões de pessoas - muito
especialmente os jovens - procuram avidamente o sucesso, a beleza e a glória,
mesmo que estejam a ficar atordoados pela crise do sistema e pela falta de
oportunidades de emprego (coisa bem diferente de "trabalho") que não
compreendem.
A verdade é que a Nike, nesses loucos anos de consumismo
desenfreado, agradece esse ponto fraco dos humanos que, não podendo ser
famosos, imitam as celebridades nem que seja comprando apenas umas sapatilhas e
imaginando que, com isso, estão a adquirir um "estilo de vida"
diferente, integrando-se na "rede" (só a Nike facturou mais de 33 mil
milhões de dólares nessa altura).
Como muito bem diz o psicólogo existencialista Carlo
Strenger vivemos o "medo da insignificância" - o medo da nossa
finitude, o medo de termos vivas anónimas, vazias e sem sentido, a ansiedade
existencial que nos faz correr a comprar livros com receitas prontas de
auto-ajuda ou a vestir roupas de marca, acreditando (até inconscientemente)
que, com isso, faremos parte de uma elite qualquer.
Num mundo dominado por "rankings" de empresas,
jornais, pessoas, lugares, etc. (os mais famosos, os mais bonitos, os mais
comentados, os mais lidos, os mais vendidos, os mais ricos, etc., etc.)
corremos o risco de construir ilusões sobre nós próprios e até de fazermos
projectos de vida efémeros porque estão assentes em débeis convicções e
"egos" fragilizados por uma assustadora falta de sentido crítico e de
saberes básicos.
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