Propósitosssssssss!!!!

Como somos manipulados (O Efeito Túnel)



Chama-se "túnel" ao fenómeno de adesão incondicional a uma causa de tal forma que passamos a fazer parte de um mundo fechado e por vezes isolado com as suas regras, princípios, normas e obrigações e com as quais nos identificamos. Quando entramos num "túnel" viramos as costas à nossa vida anterior e vamos parar a um outro do qual é difícil sair sem danos (físicos e psicológicos).

A entrada no "túnel" obriga-nos a despir o nosso ego e a até perder um pouco da nossa identidade. Passamos a ter um número, uma alcunha ou qualquer outra identificação e a fazer parte de um grupo, uma seita, uma elite ou algo parecido. Entramos numa missão e tornamo-nos numa simples célula de um tecido maior onde as leis são muito próprias e inquestionáveis para manter a coesão do "grupo".

Exemplos de "universos" humanos onde se pode entrar condicionado pelo fenómeno do "túnel":
- gangues organizados;
- claques desportivas organizadas;
- seitas religiosas (exemplo: Templo do Povo, já extinto, do reverendo Jim Jones);
- comandos terroristas (exemplos: Al-Qaeda, Tigres Tamil do Sri Lanka, Estado Islâmico, etc.;
- kamikazes (pilotos suicidas japoneses que se atiravam com os seus aviões contra os navios de guerra norte-americanos).
- etc.

Mas também...
- movimentos políticos cerrados;
- partidos políticos tendencialmente não democráticos;
- grupos para-militares;
- forças armadas;
- forças policiais;
- etc.

A característica central do efeito de "túnel" é que ele separa os seus membros do mundo "exterior", libertando-os das amarras sociais em que estavam inseridos (familiares, amigos, etc.) e colocando-os numa posição de abnegação e subserviência aos ideais do grupo. Entram em cena os rituais, hinos, cânticos, bandeiras e outros símbolos, obrigações e muito especialmente uma dedicação leal, indiscutível e insuspeita à causa. O transe hipnótico está muitas vezes presente.

As "deserções" são muitas vezes punidas, nos casos de grupos extremistas, com a própria morte.

O papel da psicologia de massas é muito importante nestas organizações. Técnicas refinadas de persuasão, cativantes, com promessas da mais diversa natureza (no caso dos "kamikazes" japoneses era "fazer parte de uma elite de heróis" militares; no caso do Templo do Povo, que levou ao suicídio e também matança de centenas de membros, era a convicção de que se estaria a fazer algo de "extraordinário pela Humanidade" e a caminho da "Terra Prometida").

Ao longo da história humana sempre existiu este efeito de "túnel" porque desde cedo se formaram organizações em torno de causas as mais diversas. Elas continuam a proliferar, por vezes de forma secreta. O recrutamento faz-se hoje de forma mais discreta e a internet é, por exemplo, um meio de captação. Muitos jovens aderem a "grupos" sem saberem que aquilo que buscam vai empurrá-los para um "túnel" que os engolirá como um "buraco negro".

Se há pessoas que sabem perfeitamente a que grupo ou causa estão a aderir, muitas outras, à procura de um abrigo para as suas carências e o seu isolamento social, acabam por ser apanhadas na rede como peixe indefeso. Entrarão no "túnel" e lá ficarão por tempo indeterminado. Uns sentir-se-ão felizes e integrados na disciplina e no espírito de missão a que aderiram. Outros talvez descubram, tarde demais, que o "túnel" é escorregadio e não permite voltar atrás.

Nota: não confundir "túnel" com "grupo". O "efeito de túnel" é o nome do processo psicológico e sociopsicológico de entrada num grupo, geralmente hermético.