Propósitosssssssss!!!!

TRANSIÇÕES


SOFREMOS, por vezes, muito mais do que os outros. Porque os outros, na sua esmagadora maioria, estão integrados nos velhos sistemas e crenças, e pouco mais vislumbram do que uma parte daquilo que está a mudar à sua volta. Tendem a adaptar-se por força das circunstâncias às novas realidades mas com muita pouca convicção. E, por isso, muitos deles protestam, reclamam, dizem mal para, no final, manterem-se protegidos pelo seu próprio conservadorismo. 

Nós, os inconformistas, vivemos geralmente entre dois mundos: o velho e o novo. Muito do que somos derivam de estruturas antigas formatadas pela sociedade de onde viemos. Mas não se pode pegar na mochila, dizer adeus ao passado (e às pessoas) e embarcar rumo ao novo mundo. Há quem o faça mas com alguma imprudência (e com custos que podem ser muito elevados).

Os adultos mais jovens, aqueles que nasceram já depois de 1900 e que estão agora na universidade ou a procurar o primeiro emprego, vivem do outro lado da fronteira porque o que se lhes deparou foi já um mundo muito diferente daquele que os seus pais viveram quando tinham a sua idade. Só não serão inconformistas e conspiradores sociais se tiveram uma educação muito conservadora.

AS GERAÇÕES anteriores debatem-se com a mudança, que nem sempre compreendem. Tentam manter os alicerces antigos e tudo aquilo que lhes dava um sentimento de segurança: os velhos empregos para toda a vida, os hábitos, os costumes, as tradições (muitas delas mantidas apesar de obsoletas e adulteradas) e a esperança de que tudo volte atrás, a um mundo mais equilibrado, sem grande sobressaltos, menos assustador e incerto.

Agora somos forçados a mudar ou, no mínimo, a adaptar-nos aceitando a nova e permanente revolução social (os empregos de curta duração - não mais de 7 anos - as empresas que abrem e fecham em menos de 5 anos, os novos negócios baseados na internet, o trabalho por conta própria, as famílias separadas - por vezes por milhares de quilómetros - a diversidade e a quantidade de informação, as surpresas impensáveis e acima de tudo muita fantasia, enganos e ilusões (famosos que de repente deixam de o ser, anónimos que de um dia para o outro atingem a fama, políticos desorientados porque não conseguem interpretar o novo mundo, gente semi-perdida sem saber que rumo tomar e por aí adiante).

O MUNDO, hoje, trabalha 24 horas por dia. Enquanto dormimos, os nossos computadores estão a receber emails e as notícias proliferem a cada instante. Acordamos de manhã, abrimos o jornal e deparamo-nos sempre com surpresas e novidades. Nunca sabemos o que nos poderá surpreender amanhã. Até o passado parece que vai mudando, à medida que é reinterpretado à luz de novos dados até agora ignorados (ainda recentemente um estudo desfaz a história das nossas origens; parece que, afinal, só houve uma espécie hominídea de quem descendemos e não mais espécies anteriores).

Somos forçados a reinventar-nos mais rapidamente do que alguma vez aconteceu na história da humanidade. Quem não for capaz disso ficará para trás e se estiver ainda em idade produtiva (ela própria avançou uns 20 anos quando comparada com os anos 60 ou 70 do século passado) isso poderá ser desastroso.

Para nos reinventarmos temos de compreender o mundo novo. Isso implica, por vezes, um grande esforço de adaptação, aprendizagem e até sofrimento. Mas não há alternativa. 

VIVEMOS num mundo de coisas a mais. É a era do mais. Mais acontecimentos, mais notícias, mais diversidade, mais medos, mais incertezas. Mas também mais oportunidades, mais espaço para arriscar. No fim, como escreveu Andy Growe, parece que apenas "os paranóicos sobrevivem" pois estão por tudo, embora cada vez mais esvaziados como humanos. Tornaram-se máquinas de consumo, alienados, predestinados a ficarem "zombies" (mas sem o saberem pois perderão a consciência dessa mudança interior quando ela ocorrer).

Será um mundo melhor ou pior do que os anteriores? Provavelmente, melhor mas mais confuso por excesso de tudo (do que é bom e do que é mau).

Prepare-se para o "choque do futuro" (que foi anunciado nos anos 70 por Alvin Toffler). A "Terceira Vaga" está aí, desde então. Mas já não é apenas uma onda de mudança mas um autêntico "tsunami" que vai varrer tudo.