Uma certa dose de desespero e decepção sobre o estado do
mundo é, a meu ver, realística. Não porque se justifica mas porque é essencial
para a nossa sobrevivência. O desespero e a deceção levam muitas pessoas para
um caminho sem saída. Não conseguem ver para além desses sentimentos e ficam
paralisadas indevidamente (mesmo que se mostrem indignadas e convoquem e
participem em manifestações de protesto).
As pessoas devem conseguir ver além do que se lhes
apresenta. É aí que surgem sentimentos como esperança e energias como a
capacidade de tomar decisões e empreender, procurando vencer as adversidades
pessoais e colectivas.
Dir-se-á que é fácil dizer isto mas todos os estudos mostram
que as pessoas dotadas dessas habilidades conseguem ser menos pessimistas (o
pessimismo leva ao desânimo, à perda de vontade e motivação para mudar) e
ultrapassarem mais facilmente as crises da vida.
Se vivêssemos num estado de felicidade plena, sem problemas
nem crises, tornar-nos-íamos em seres frágeis e passivos. Sem a adversidade a
nossa espécie já teria desaparecido, tantos foram os problemas (pestes,
guerras, etc.) que assolaram a humanidade ao longo da história.