É daqueles fenómenos da vida que cada vez mais somos
obrigados a enfrentar. Trata-se de mudança!
Toda a gente fala em mudança, desde os políticos mais
crentes (numa mudança salvadora) e os sacerdotes (escolhermos uma vida mais
venerável e sem pecado) até aos nossos amigos, familiares e vizinhos (que já
perceberam que alguma coisa tem de mudar para não nos afogarmos na mesmice). E
há também os nossos filhos de quem esperamos determinadas mudanças no seu
quotidiano. Enfim, estamos todos irmanados num onda de mudança.....
Ora mudar significa mesmo alterar, desviar de rumo,
transformar. Mas não é a única forma de mudar! Uma delas, que se chama,
"aceitação" é, por vezes, muito mais revolucionária pois passa por
deixarmos tudo na mesma. Ou melhor, é enfrentarmos aquilo que, não podendo ser
objecto de uma transformação qualquer, exige a capacidade de resistirmos
aprendendo a sabermos viver com o que temos, deixando-nos de fantasias e
aventuras desnecessárias e arriscadas.
Por exemplo, aceitar o envelhecimento! É um processo
biológico inevitável mas há pessoas que se põem a fazer plásticas e mudam de
estilo (até de apresentação) sendo incapazes de "viver com" a
situação.
As duas formas de mudança não são incompatíveis mas devemos
ter o discernimento de que, por vezes, não precisamos de uma mudança no sentido
convencional do termo mas de uma mudança mais interior que - acreditem - pode
ser mais transformadora e profunda do que optarmos por uma mudança disparatada
e revolucionária.
A melhor mudança, em certos aspectos da nossa vida, é
pegarmos no que temos, aceitarmo-lo e operar uma mudança que é mais interior e
radical do que partirmos para outros objetivos e horizontes.
Na verdade, o que eu aqui quero salientar é que nem toda a
mudança tem de significar um salto para a frente mas simplesmente ficarmos onde
estamos para enfrentar, sim, algo mais transformador e sereno.
Viver é mudar. É o processo da vida já que nela nada é
estático. Aprendamos a saber escolher o momento de encetar uma mudança e também
qual o tipo de mudança mais conveniente.
Às vezes, avançar para uma mudança requer tempo e
oportunidade. Se soubermos gerir esses impulsos talvez vivamos menos
angustiados e mais sábios.
Com isto em mente, qualquer mudança pode ser possível. Mesmo
que sejamos forçados a aceitar o que temos como seguro e aprender a viver com
isso. Sem ansiedade.