Incutir o "espírito empreendedor" nas crianças deve ser uma das mais urgentes tarefas da educação para o século XXI - um século que se prevê de grandes avanços na ciência, na tecnologia e na cultura. Mesmo na criança que se revele menos ativa ou menos pró-ativa pode-se despertar o interesse pela ação fazendo-a descobrir que é agindo que ela pode mudar o seu próprio mundo.
Aqui entramos então numa "cultura para o
empreendedorismo" que não tem necessariamente que ser aplicada apenas no
mundo do trabalho. Pode (e deve) cobrir o maior número possível de áreas da
vida pessoal para que a criança possa ser capaz de mais autonomia e
independência, desenvolvendo-se nela uma "personalidade autotélica",
isto é, uma personalidade caracterizada pela satisfação de se envolver em atividades
psicológica e espiritualmente gratificantes e prazerosas, e frequentemente
produtivas.
A aprendizagem do "espírito empreendedor" deve
fazer-se de forma igualmente ativa. Ou seja, não é através de dicas e receitas
que se faz um empreendedor mas é trabalhando as suas potencialidades para se
soltar e descobrir o prazer do risco calculado, não receando o fracasso nem
tendo medo do próprio sucesso.
Finalmente, no campo da saúde e do desenvolvimento pessoal,
o "espírito empreendedor" é altamente benéfico visto que entrega à
pessoa a faculdade de auto-controlo. A pessoa conduz a sua vida (em vez de ser
conduzida) rumo a objetivos pragmáticos: gere o seu estilo de viver, controla
os seus hábitos e amadurece rumo à sabedoria. O envelhecer torna-se então não num
declínio mas num processo de crescimento que favorece vários domínios pessoais:
a personalidade em geral, a inteligência, a vida emocional e a saúde integral.
"Ser empreendedor" pode tornar-se, finalmente, num
projeto de vida e (por que não?), num código para uma vida melhor e mais
frutuosa.