Os professores suecos Kjell Nordström e Jonas Ridderstråle
escreveram há uns anos um livro que deu que falar. Chama-se "Funky
Business" (1999) e é surpreendente.
Continua mais do que atual - pois era então um livro
orientado para o futuro - e devia ser lido por todos os empreendedores,
empresários e gestores (e candidatos a essas funções). Aliás, os autores -
atrevidos, divertidos e inspiradores - estiveram numa lista das 50 pessoas que
influenciaram os finais do século XX com as suas ideias consideradas (pelos
conservadores) como extravagantes. É deste tipo de autores que eu gosto, mesmo
que sejam de outras áreas do conhecimento.
Não vou debruçar-me sobre o livro (podem ler referências ao
mesmo em http://pt.shvoong.com/business-management/management/1615840-funky-business/)
mas sobre um assunto que venho defendendo há muitos anos e sobre o qual pouca
gente se interessa: o ensino informal, alternativo, aquele que não é fornecido
pelas universidades convencionais nem pelos centros de formação certificados
por uma qualquer entidade oficial (mas nem sempre merecedora da nossa
confiança).
APRENDER MAIS DO MESMO?
O ensino informal é aquele que se realiza fora do sistema
académico reconhecido e até pode nem precisar de uma escola (pensando bem, aquilo
que de mais interessante e útil aprendi na minha vida profissional, até foi
fora dos bancos da escola e da universidade; por exemplo, tenho livros que são
autênticos cursos e que mudaram o rumo da minha vida, não vou citá-los porque
são muitos mas o "Funky Business" é, certamente, um deles).
A maioria das pessoas é conservadora no que se refere às
aprendizagens novas. Tudo o que saia do esperado, tudo o que obrigue a
repensar, tudo o que inspira a mudar parece assustar. Dessas pessoas, eu não
quero nada pois o mundo, com elas, nunca vai mudar. Lamento dizer isto mas
estou a ser honesto comigo mesmo.
A UNIVERSIDADE DO HAMBURGUER
Muitos têm sido os autores que defendem uma profunda
renovação nos modelos educativos, incluindo os da universidade. É preciso mudar
conteúdos, acrescentar matérias atuais (e voltadas para o futuro), alterar
métodos de ensino e deitar escolas abaixo (no sentido figurado) para que sobre
os seus escombros se crie, definitivamente, um ensino que desperte os alunos
para os novos mercados de trabalho e as novas maneiras de trabalhar (ler
"A Mudança - O Futuro do Trabalho Já Chegou", da prof. Lynda Gratton
da London Business School; ver, a propósito, o artigo
http://www.dinheirovivo.pt/Emprego/Artigo/CIECO052123.html).
Os autores de Funky Business também alertam para essa
necessidade e chamam a atenção para as escolas alternativas, muitas delas totalmente
informais, com cursos não reconhecidos (pois estão fora do "sistema"
ou contra ele).
Escreveram: "costumávamos levar uma
"overdose" de educação até aos 25 anos; era genérica e ampla, em vez
de personalizada e dirigida; não dava relevância ao facto de que educar não é
preencher a cabeça das pessoas com factos". Isto foi escrito em 1998/99. O
que é que mudou?
Tudo está a transformar-se no mundo do trabalho e muitas
empresas (e muitas pessoas, e muitos sindicatos) não estão a perceber isso ou
não estão a compreender que estamos numa nova revolução - tão demolidora, ou
mais, como foi a "revolução fabril" nos finais do século XIX.
Porque o ensino formal não está a dar resposta às
necessidades do novo mundo estão a ser as empresas privadas (incluindo
universidades alternativas já ex-comungadas e não reconhecidas, mas não
necessariamente más por causa disso) que estão a solucionar as lacunas.
Já nos finais do século XX ouvi falar da Universidade do
Hamburguer (os céticos já torcem o nariz, mas isso não me incomoda). Depois
conheci o Disney Institute, a Universidade Motorola e por aí adiante - tudo
escolas com formação prática para funcionários. O caso da Motorola é excelente:
em 1998 tinha o seu próprio programa de MBA.
Ah, lembrei-me agora: em 2010, a McDonald's abriu um
"campus" da Hamburger University, em Xangai, na China.
É interessante também o caso da British Aerospace que pensou
numa universidade virtual chamada British Aerospace Virtual University onde,
entre outros objetivos, está a criar uma "base de conhecimentos" da
empresa.
O FUTURO DO ENSINO
Talvez venhamos um dia a assistir ao fim das universidades
convencionais como as conhecemos agora. O futuro está fora das escolas
tradicionais e no ensino à distância e contínuo - formal e informal (cito, de
memória, o génio da gestão, já falecido, Peter Drucker; ver
http://pt.wikipedia.org/wiki/Peter_Drucker).
Não deixe que a sua formação se fique por aquilo que a
universidade lhe ensina ou ensinou. Em pouco tempo, sentir-se-á perdido num
mundo muito competitivo onde estão a surgir novas profissões, novos modos de
trabalhar, novos países a concorrer num mundo globalizado e cada vez contectado
24 hora por dia, 7 dias por semana, o ano todo.
E aprenda mais, sempre mais, se quiser prosseguir a sua
carreira ou até mudar de vida. Faça como eu. Ando sempre a aprender, nem que
seja aqui na internet onde há muita informação fidedigna. Por causa disso, aos
50 anos voltei para a universidade (uma das tais alternativas) e mudei de rumo.
O que fazia antes deu-me uma grande abertura de espírito e
muita experiência que ainda me é útil. Mas o que continuo a aprender cada dia
que passa - mesmo que "apenas" lendo livros de inspiram a
"mudança", aqueles que estão nos limites do saber atual e a desbravar
os territórios do desconhecido - tem sido de uma utilidade incalculável.
Acredite em mim.
Para consultar (aconselho vivamente):
- UNIVERSIDADE DO HAMBURGUER, da MacDonalds em
http://www.aboutmcdonalds.com/mcd/corporate_careers/training_and_development/hamburger_university.html
- DISNEY
INSTITUTE em http://disneyinstitute.com/
- HARLEY
DAVIDSON UNIVERSITY em http://www.ne-worcs.ac.uk/harley
- BRITISH
AEROSPACE VIRTUAL UNIVERSITY em
http://faculty.ksu.edu.sa/manal.m/DocLib2/BAE%20Systems%20Virtual%20University%20e-learning.pdf