Digo isto há anos: os patrões são os clientes dos
empregados! Esta é a grande verdade do mundo atual. Ora acompanhe o meu
raciocínio.
As empresas são iniciativas privadas de pessoas (individuais
ou em sociedade) que visam a realização e venda de um ou mais produtos ou
serviços de utilidade para algum mercado específico (os mercados podem ser
divididos em diferentes tipos, setores e segmentos).
Obviamente que o primeiro objetivo de uma empresa é o lucro,
sendo isso perfeitamente justo. Na verdade, as empresas são os investimentos
dos seus proprietários e, muitas vezes, a sua única fonte de rendimento.
Para terem lucro, as empresas necessitam de fabricar e/ou
distribuir/vender produtos e/ou serviços que tenham procura, ou seja, que
tenham compradores e consumidores (sejam outras empresas, sejam os consumidores
finais). Devem pois corresponder a necessidades (objetivas ou subjetivas), terem
atributos como utilidade, qualidade, funcionalidade e preço compatível. Para
que tudo isso aconteça e para que uma empresa exista necessita de ter, além de
clientes, empregados e outros colaboradores (em part-time, contratados e muitas
vezes outras empresas que lhes vendem serviços).
Nenhuma empresa resiste sem ter clientes como também não
resiste sem ter empregados. São estes que ajudam à sua laboração e a viabilizam
com o seu trabalho individual e conjunto. Se é verdade que os empregados são
pessoas que precisam de ter trabalho não é menos verdade que os
"patrões" (sejam banqueiros, sejam lojistas ou quaisquer outros)
precisam das competências e aptidões dos empregados. Estes representam o que se
chama "capital humano".
Só que os tempos mudaram (e as estruturas e exigências dos
mercados também) e o "capital humano" passou a "capital
intelectual". Ou seja, não interessa apenas ter trabalhadores mas
trabalhadores inteligentes, criativos, competentes, dedicados, motivados, etc.
O "capital" deixou de ser o dinheiro para ser o
"intelecto".
Nenhuma empresa sobrevive sem este capital que,
frequentemente, vale mais do que o dinheiro propriamente dito. Antigamente, os
patrões eram os "patrões", os "donos". Nós precisávamos
deles para ganhar dinheiro.
Agora são as empresas - e os seus proprietários - que
precisam dos empregados e, sobretudo, dos melhores, daqueles que são vitais
quer para a inovação quer para a produção quer para a venda. As empresas
contratam os empregados. Os melhores, se possível.
Então as coisas ficam voltadas ao avesso. São as empresas
que precisam dos empregados (mais do que nunca) tal como precisam dos clientes.
E não os clientes que precisam das empresas, nem os empregados que precisam das
empresas.
Veja-se, pois, o poder das greves. É que as empresas
paralisam quando os empregados baixam os braços. E as empresas perdem
"capital" quando um bom trabalhador prefere escolher outro
"patrão". Nestes tempos difíceis, os empregados sentem-se ansiosos e
até inseguros porque sabem que não há muitas alternativas. Precisam do seu
trabalho e até aceitam laborar por menos dinheiro.
Mas atenção, empresários! Se os melhores sairem vocês ficam
"desfalcados" nas vossas competências e podem perder competitividade
e clientes (ou seja, dinheiro).
Já se você procura trabalho num emprego tente ser diferente dos outros
candidatos. Aumente as suas habilidades, saberes e competências para se
diferenciar dos restantes candidatos.
LEMBRE-SE QUE OS PATRÕES precisam dos empregados. E são eles
que pagam o serviço que estes prestam. Ou seja, os patrões têm de comprar os
serviços dos seus empregados.
ENTÃO, SE TÊM DE COMPRAR, são clientes! Ora bem, aqui
chegados, qualquer patrão está disposto a comprar os serviços de um trabalhador
que lhe ofereça uma mais-valia para o negócio dele. Se você não tem nada de
especial quando se candidata a um emprego significa que terá muitos outros
concorrentes que podem ter algo mais a oferecer. E um desses é que vai ficar
com o emprego. Talvez saiba falar melhor. Talvez seja mais assertivo, etc. Ou
talvez saiba russo (e isso interesse à empresa).
E assim, se os patrões compram os serviços dos empregados
(pagando com ordenados ou outras formas de pagamento) tornando-se assim nos
seus "clientes" você PENSE como um FORNECEDOR de serviços (e não como
um empregado ou um candidato a empregado).
Se atuar desta forma, não tenha medo da precaridade (muita
gente trabalha com diversos "patrões" e ganha imenso dinheiro pois
têm algo que os outros não têm, nomeadamente visibiidade). Sim, SE VOCÊ É UM
BOM CANDIDATO tem de ter visibilidade, tem de ser conhecido pelo que vale ou
pelo que sabe. DEIXE ENTÃO DE PENSAR como um EMPREGADO. Pense como um fornecedor de serviços. Procure um patrão que
será, afinal, cliente dos seus serviços.
No futuro será cada vez mais assim; já não há empregos fixos
para toda a vida. Acorde, o mundo mudou e vai mudar mais ainda.
NÃO SE ESQUEÇA, PORÉM, QUE ISSO AUMENTA MUITO SUAS
RESPONSABILIDADES. Faça uma lista daquilo em que você é reconhecido como MUITO
BOM. E uma lista daquilo que poderia acrescentar ao seu CURRICULUM.
Alguns economistas e gestores que seguem ideias,
comportamentos e fórmulas da Era Fabril estarão em desacordo total comigo. Mas
lembro-lhes que já passámos a Era da Informação, a Era do Conhecimento e
estamos na ERA DO INTELECTO (ou Era Conceptual). As regras mudaram. E os
desafios mais ainda.